Representantes da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), Funai (Fundação Nacional do Índio), além de secretários federais e estaduais, estiveram segunda-feira, 7, na sede da Funasa (Fundação Nacional da Saúde), em Porto Seguro. Eles tinham como objetivo tentar uma negociação com as 35 tribos indígenas que desde a semana passada ocupam a sede do Polo Básico de Saúde, no bairro Parque Ecológico. A reunião, marcada inicialmente para as 15h, sofreu atraso de mais de três horas, o que fez com que os índios ameaçassem atear fogo nos carros que estavam no pátio.
Após a chegada das autoridades que vieram de Brasília, o cacique Renivaldo convocou a todos para a reunião. A assessora de imprensa das autoridades pediu para que os jornalistas se retirassem do local da reunião, mas os índios não concordaram.
No encontro, caciques reclamaram aos representantes dos órgãos federais sobre o descaso por parte da Funasa. Eles denunciaram o sucateamento de 13 viaturas que serviam de ambulância, a falta de remédios, a demora na entrega de exames e equipamentos que foram jogados no lixo. “Estamos com uma criança internada no hospital para fazer uma cirurgia e que corre risco de morte por causa de uma verminose. As índias estão morrendo por causa do câncer de útero e os índios têm câncer de próstata. Tudo isso porque os resultados dos exames demoram tanto tempo que quando ficam prontos o estado dos doentes já se agravou e não tem mais jeito”, disse o cacique.
Os indígenas cobraram ações imediatas por parte dos secretários de Saúde e afirmaram estar cansados de tanta promessa. Eles apresentaram um documento com 1.800 assinaturas das tribos e exigiram que o secretário de Saúde Indígena, Jorge Araújo, fosse exonerado do cargo e substituído por um indígena.
O índio Edmilson Teixeira, assessor do secretário Especial de Saúde Indígena, explicou aos caciques que é preciso fazer um levantamento dos problemas que afetam as tribos para que sejam tomadas as devidas providências. O secretário de Saúde do Estado, Ricardo Gouveia, prometeu que irá tomar as devidas providências e fazer parcerias com o município e com a Funasa para resolver os problemas da saúde indígena. “De imediato vamos fazer um levantamento dos remédios mais necessários e tentaremos fazer uma parceria com o Samu para podermos levar uma UTI móvel em casos mais urgentes”, afirmou Ricardo Gouveia.
O prefeito Gilberto Abade, que também participou da reunião, garantiu que irá colaborar na solução do problema. Ele lembrou que a Prefeitura de Porto Seguro tem feito muitos trabalhos na área da saúde indígena, através de mutirões, e adiantou que pretende visitar todas as tribos do município. “Tenho muito respeito e admiração pelo povo indígena. Farei o que puder para tentar melhorar a saúde dos índios. Temos que buscar parcerias com secretários dos governos estaduais e federais para trazermos recursos, e o município de Porto Seguro não medirá esforços nesta luta”, disse Abade.
Os caciques exigiram que a negociação fosse toda documentada e assinada pelas autoridades, para que possam cobrar futuramente se não forem atendidos. Eles disseram que irão permanecer na sede da Funasa até que o secretário de Saúde Indígena, Jorge Araújo, seja exonerado.
Por Jeorge Henrique
foto; Jeorge Henrique
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