quarta-feira, 23 de junho de 2010

Promotora Ana Kristina disse que menores estão sendo exterminados em Teixeira de Freitas



Na sessão ordinária da Câmara Municipal de Teixeira de Freitas, na noite desta terça-feira (22/06), a presidente Marta Helena Leal recebeu com os vereadores, a visita da Promotora de Justiça Anna Kristina Santos Lehubach Prates, titular da Vara da Infância e Juventude da Comarca e também do secretário municipal de educação José Archangelo Depizzol, por ocasião que os vereadores deliberavam e votavam um requerimento de autoria dos vereadores Edinaldo Rezende (PT), Clóves Neto (PMN), Diva da Bateria (PMDB) e Teté das Frutas (PSL), que solicita a criação de uma comissão especial para apurar casos de extermínio de menores e crimes de pedofilia em Teixeira de Freitas.

Todos esperavam que o assunto fosse ser polêmico, mas o que todos não esperavam seriam as revelações que a promotora de justiça Anna Kristina faria sobre a morte de menores e crimes de pedofilia na cidade em que acusa a participação de policiais em execuções e corpo mole da própria polícia para apurar tais fatos, tanto como as ocorrências envolvendo abusos sexuais contra menores.

A promotora acusou duramente a polícia, contudo, sem citar nomes de envolvidos em abusos e execução de menores infratores, também sem citar nomes de vítimas. Chegou a falar do caso de Itanhém em março passado, quando PMs invadiram a casa de um vereador e espancaram dois parlamentares da cidade e dois homens foram mortos em represália a um confronto em que um sargento da reserva teve a vida ceifada. A promotora disse que no episódio de Itanhém houve abuso de autoridade, o que deixou a população amedrontada.

A promotora Anna Kristina ainda disse, que em Teixeira de Freitas ela aguarda resposta da polícia judiciária sobre 119 procedimentos (requisições) que mandou instaurar envolvendo crimes de pedofilia na cidade. Por ocasião que foi questionada pelo vereador “Lula”, que é policial civil do Estado da Bahia, indagando o motivos que o Ministério Público não denuncia estes envolvidos com nomes e dados aos órgãos competentes, inclusive à própria corregedoria para que haja punição destes criminosos.

Mas a promotora de justiça titular da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Teixeira de Freitas, Anna Kristina, foi taxativa e disse que existe muito corporativismo na Bahia, onde polícia não investiga e nem pune polícia. E foi por esta razão que procurou à Câmara de Vereadores para que haja pelo menos independência nas apurações, apontem falhas e exijam apurações no confrontamento de informações sólidas.

O vereador “Lula”, aceitou as criticas da promotora, mas disse, que com 23 anos na Polícia Civil, ele nunca foi reciclado e nem nunca recebeu um curso qualquer de qualificação para se adequar aos novos conhecimentos e técnicas dentro do quadro da polícia, e disse que também não conhece nenhum colega dele que tenha sido qualificado por incentivo da polícia e culpou o estado por contribuir no desvio de conduta de alguns, esclarecendo, no entanto, que nada justifica o erro. Para ele, ninguém nasceu bandido ou dependente químico, ficaram depois.

-A promotora Anna Kristina reconheceu a realidade e repugnou entre outras coisas, as condições da DEAM - Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher em Teixeira de Freitas, pela falta de condição do local e acusou o Estado de não dar a mínima estrutura para que os seus servidores desempenhem com dignidade as suas funções em prol do cidadão. E disse também, que até reconhece que a Polícia Civil não atende suas solicitações, justamente porque não tem efetivo, e nem tão pouco, pessoal especializado para tais fins.

O desabafo indignado da promotora durou 22 minutos, onde em vários pontos enalteceu o trabalho de muitos policiais, mas em outras ocasiões denunciou claramente o sistema e alguns dos seus representantes como se estivesse mandando recados diretos, do tipo: “pare já ou pedirei a prisão de mais gente”, contudo, ficou claro também que o Ministério Público não tem estrutura para investigar delitos de tamanha organização, justamente diante do corporativismo que a promotora disse existir.

Por Athylla Borborema/Teixeira News

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